sexta-feira, 31 de outubro de 2014

UM CÍRCULO E UMA VOZ - Histórias de Paola -



O sol batia forte naquela tarde, as tarefas do meio dia estavam acabadas.

A tarde parecia infinita, mas com uma convidativa brisa quente que balançavam os galhos dos pinheiros.

Enrolou os cabelos cor de mel num lenço tipo indiano, pôs os pés descalços na grama, sentiu que nesse momento o vento quente a chamava para as areias perto do riacho.

Entrou na estrada sozinha, podia ver seus cabelos entre o lenço formar uma sombra dançante na sua frente, e era um vento inquieto.

Enquanto caminhava, imaginava o que poderia reger esses impulsos, de andar sozinha, pensar e concluir por si mesma, suas inquietações.

Quanto mais caminhava, mais aumentava a velocidade do passeio, até estar correndo como se soubesse de suas respostas paradas à sua espera, ali na beira do lago.

Então parecia ser ali, parou, olhou para os lados, e segura de sua solidão, tirou o lenço dos cabelos, pôs na grama e sentou em cima, logo após estava deitada sobre ele, olhando as nuvens formando estranhas figuras.

O vento aumentava. Seus braços ali na grama, em frente ao riacho abriram-se como crucifixo. Esticada como numa cama confortável, sentiu-se aquecida pelo vento sul, que precedia uma chuva para os próximos dias.Ao fechar os olhos, sentiu-se envolvida por uma ideia que aquecia suas orelhas pequenas.

Quem ou o que comanda tudo? Essa frase era sua inquietação.

Sentiu-se girando para a esquerda, como numa roda, mas apertou os olhos para não perder esse momento e não abri-los para a realidade, e talvez notar que não rodava a não ser sua mente.

Sentia-se rodando mais rápido, enquanto pensava se o UM de tudo, está em todos os lugares ou o TODO de cada um é o que realmente existe.

Por um momento sentiu-se parar de girar, mas evitava abrir os olhos, parou como se levitasse.

Sentia que o lenço escorregava para baixo do seu corpo, como se algo o puxasse, deixou acontecer....

Ouvia as arvores começarem a balançar de novo.

Em sua mente, antes cheias de perguntas e dúvidas sobre o Universo, abriu-se uma certeza...estava ouvindo pausadamente uma voz, doce e feminina, que de tão real, pararam seus pensamentos.

Ouviu tão claro que poderia até escrever as palavras que em sua mente se redigia, pausadamente:


"Uma só realidade, uma só natureza circula em todas as naturezas.

Uma só realidade compreende todas as coisas, e contém dentro de si mesma, todas as realidades.

Como a lua única, que reflete em todo lençol d'água, e todas as poças d'água, parecem possuir sua própria lua.

O caminho perfeito não conhece dificuldades.

Só se recusa a ter preferências.

Somente quando libertado do amor e do ódio se revela plenamente, e sem disfarces.

Uma diferença de um décimo de polegada, e o céu e a terra estão separados.

Se você quiser vê-lo diante de seus olhos, não tenha pensamentos fixos, nem a favor nem contra.

Um em todos, todos em um.........um em todos, todos em um."


Um grande sopro quente fez com que Paola acordasse, como de um sonho, olhou em torno de si, ainda estava na mesma posição, deitada pernas esticadas e braços abertos, como crucifixo.Sentou-se, pôs as mãos em torno dos joelhos, e notou que o lenço que estava esticado na grama quando deitara em cima, estava todo enroscado embaixo do seu corpo, como se girasse enquanto estava deitada.

Um em todos, todos em um.....repetiu essa ideia, lembrando nitidamente do que tinha "ouvido"

Levantou-se, amarrou de novo seus cabelos cor de mel, e satisfeita, como se tivesse ouvido uma aula, entrou na estrada novamente em retorno à sua casa, agora sem pressa.

Ao levantar-se notou estar dentro de um círculo que contornava a grama misturado com a areia, aonde estava deitada.

Notou também que passaram-se horas, pois o por do sol já anunciava-se com o vento quente que a noite estava próxima.

Pisou então fora do círculo riscado na areia em torno do pequeno gramado aonde estava deitada, os pés no chão quente tomaram rumo de sua casa novamente, enquanto o vento quente balançava seus cabelos cor de mel, enrolado no lenço, que parecia ter sido enrolado, como se tivesse girado na grama, com seu corpo, enquanto meditava...."....um em todos, todos em um......"

terça-feira, 17 de julho de 2012

A VISITA DE ÁGATA (histórias de Paola)


Paola estava no jardim, quando percebeu a poeira, vindo da estrada.
Seria um dia com visitas pensou, embora sempre apreciasse estar sozinha.
Levantou a cabeça e lembrou de uma frase que sua mãe costumava dizer:
-Nunca receberás alguém, sem que nada tenhas que fazer.
O carro antigo, preto e com estilo clássico vinha cortando a poeira, e parecia certeiro no endereço de Paola.
Foi encostando e diminuindo a velocidade enquanto Paola observava ser um homem na direção, e arrumando o cabelo cor de mel que caía solto em seus ombros, ficou de pé, mostrando-se atenta, e com a pazinha do jardim na mão.
- Bom dia, você é Paola?
-Sim, sou eu, posso ajudar?
-Muito prazer, eu sou Leon, e quem me deu seu endereço, que, aliás, fica muito bem localizado, foi Ágata, sua prima.

Ágata, uma prima de Paola, a qual não via desde o velório de sua avó. Ela deveria ter uns 22 anos agora, sim, pois Paola tinha apenas três a mais do que a prima, o que também regulava com a idade do visitante.
Paola de mente astuta notou que a prima viria logo depois, ao notar os olhos verdes de Leon que a fitava com um sorriso que fazia balançar a sua feminilidade.
-Ela me disse que viria aqui nessa manhã, então pensei em espera-la, posso descer?
-Sim, por favor.
Leon desceu do carro, era alto, elegante e tinha um ar austero, de gente de sucesso, bem arrumado e fino nos movimentos.
Paola estendeu a mão para Leon:
-Então Ágata virá aqui, eu não esperava vê-la aqui, normalmente nos encontramos na cidade ou na casa de meus tios.
-Ela virá sim, disse que faz tempo que não via você, e pensou em fazer uma visita e depois vamos ver meus pais, e a viagem casualmente começa na mesma estrada que vem pra cá.
Sentaram-se e na mesa da varanda enquanto Paola notava que Leon era muito simpático e tinha um sorriso muito bonito.
-Vamos tomar alguma coisa?
-Sim, seria muito bom, por favor.
Paola entrou na cozinha, e da janela lateral podia ver Leon sentado na mesa de vime da varanda, com cabelos charmosamente desarrumados, olhava para a floresta na frente, e por vezes, olhava a estrada à esquerda, esperando Ágata.
Paola sorriu e pensou: Ágata, sua danada, deve ser um namorado. Embora Ágata na infância não demonstrasse muito interesse em namorados, pois passou muito tempo junto à Paola e praticamente cresceram juntas, e parecia ter uma apreciação não por meninos na época, e as experiências de infância eram tão bonitas entre as duas, mas agora, já adultas, eram apenas lembrança da adolescência.
Voltou à mesa, com o chá de hortelã que sempre tinha no bule, e sentou em frente a Leon, com um ar de curiosidade.
-Conhece Ágata há tempos?
-Sim, estudamos juntos, e como chegou as férias, vamos viajar juntos, e agora que ela comprou a moto, decidimos viajar, a questão é se ela vai de moto ou vamos de carro.
-Ágata adorava motos, me lembro, sempre gostou de aventuras.

Leon a fitava profundamente enquanto tomava mais um gole de chá, depois disse:
-E vocês se davam muito bem, ela me contou de algumas aventuras na praia.
Isso causou uma perplexidade em Paola, pois num desses passeios decidiram correr nuas pela praia, mas talvez não fosse essa a aventura que ele mencionara.
Mas por alguns segundo, os olhares se cruzaram e se fitaram sem palavras, no que Paola pensou: Ela contou isso a ele.
O motor da moto já era percebido, embora os olhares de Leon se entregava, como que guardasse e sabia de um segredo.
Chegava Ágata na sua moto azul marinho, e ao tirar o capacete, estava linda nos seus 22 anos, vestindo uma jaqueta de couro por cima de uma bata Hippie, como sempre fazia, modas misturadas e exuberantes.
Era alta, de longos cabelos e com um charmoso andar.
-Paola, você está linda, que saudades.
Leon levantou-se, mas Paola notou que ele não a beijou como um namorado, apenas beijos no rosto, e pareciam apenas amigos.
-Ágata, saudades de você, quanto tempo.
Soltando o capacete e balançando os cabelos, a visitante sentou-se à mesa compartilhando da beleza feminina no sol que dourava tudo naquela manhã, enquanto Leon parecia deliciar-se com a visão das duas.
Após trocarem saudades e assuntos sobre família, Paola parecia mais à vontade com os olhares verdes de Leon.

A manhã transcorre divertida, embora os afazeres do jardim, ficavam pra um próximo dia, o que importava, se ali estava sua prima, amiga de infância e um convidado ainda à ser conhecido.
Na tarde, Paola convidou os dois para conhecerem a floresta na frente da grande casa, aonde havia um pequeno lago logo adiante.
Prepararam-se para a caminhada, Ágata como sempre, linda e sorridente e Leon parecia estar numa expectativa de algo, Paola pensava: Ele sabe de algo, por que me fita tanto?
O que Paola pensava era que Leon saberia das experiências da adolescência das duas, a sexualidade feminina descoberta aos 12 anos, os passeios escondidos, e até os primeiros beijos apaixonados.
Paola entra no quarto para prender os cabelos, e pensava que os dois estariam já no portão que dava para a estrada em frente da floresta, Ágata entra furtivamente no quarto e abraça Paola, e com um longo beijo na boca, que Paola não teve tempo de recusa, se é que iria fazer isso, Leon esperava lá embaixo, fitando a grande casa, e imaginando o motivo da pequena demora das primas à descer, nem pensava em reclamar, apenas se deliciava com a imaginação.
Surpresa, Paola corrigia o batom:
-Ágata, você não mudou nada.
-Paola, sempre gostei de surpreendê-la, lembra?
E as duas saíram rindo e desceram as escadas do quarto, como se ainda fossem duas adolescentes e estavam abraçadas.
Ao chegar à porta da rua, Paola notou que Leon agora estava com um ar de curiosidade, enquanto notara em sua mão, um cigarro, que notou ser maconha, pois o aroma da canabis era intenso.
Caminharam os três rumo à floresta, e por vezes Ágata pegava a mão de Paola, e em alguns momentos estava de mãos dadas também com Leon.
Paola não hesitou quando chegou a sua vez de fumar, pois fazia muito tempo que aquelas diversões não eram comuns nos seus dias.
O Passeio naquela tarde foi muito agradável, e o sol ajudou muito a colorir as árvores e os sorrisos que vinham de cada frase dita, tudo parecia ser divertido demais, e os sorrisos eram tão intensos, quanto os assuntos sobre florestas encantadas, bruxas e gnomos.
Chegou a noite, estavam em casa, pois a fome anunciava um belo jantar que Ágata havia preparado, enquanto Leon conversava com Paola na mesa de vime da varanda:
-Amanha cedo vamos embora, espero que tenha gostado da visita, nos divertimos muito hoje de tarde.
-Claro que sim.
Como Paola notou que Leon e Ágata não eram definitivamente namorados, resolveu uma pequena investida.
Ao pegar a taça de vinho, encostou sua mão em Leon, que segurava outra taça;
-Então ainda temos uma noite pela frente.
Ao se olharem profundamente por alguns segundos, Leon pegou a mão de Paola quando Ágata disse da cozinha:
-O jantar está pronto.
A lua estava bem em cima da floresta, era lua cheia, com certeza, pois brilhava intensamente, e parecia que brilhava também os olhares de Leon, enquanto Ágata estava no terraço ascendendo mais um cigarro.
Ao subir a escada para o terraço, Paola estava do lado de Leon que disse:
-Você é muito parecida com Ágata, tem um sorriso lindo.
Paola fitou-o e sem pensar duas vezes beijou-o como se estivessem sobre a fúria do luar lá fora, pois a lua cheia era convidativa para uma grande noite de amor. Mas Ágata aguardava os dois lá no terraço, a o cheiro de canabis já era percebido.
Leon subiu primeiro, Paola logo após, e ao chegar no terraço, estava apenas o cigarro sobre o cinzeiro, Ágata não estava mais lá, a altura do terraço era de uns quatro metros e tinha uma escada  ao lado, em que subias as flores trepadeiras.
Ao fitar no chão ao lado da cadeira onde estava Ágata, estavam suas roupas, a bata o jeans e as roupas íntimas....não tinha dúvidas, ela saíra nua pela noite.....
Paola olhou para Leon que não estava mais ali, ela estava sozinha no terraço, imaginou todos estarem se divertindo às suas custas na floresta e rindo muito...
Desceu as escadas, tomou o rumo da floresta, pois sabia dos passeios de Ágata nas noites de lua cheia.
Entrou floresta adentro, ouviu risos e viu uma fumaça que cortava a lua cheia na imensa floresta, seguiu o rumo e chegou na clareira, e para sua surpresa, estava apenas Ágata, nua, em frente á fogueira.
Aquele cigarro que fumaram no terraço agora parecia intenso, um indo e vindo de imagens começava junto com um indo e vindo de sons e sorrisos, que por vezes eram perto, hora longe.
Paola ficou de joelhos frente à fogueira, sentiu um fogo queimando seu corpo, e suas roupas sendo puxadas pela fumaça, uma a uma.

Na confusão de sua mente, notou que não era a fumaça que puxava suas roupas, era Ágata, com um sorriso lindo e seus cabelos soltos que brilhavam sob a luz da lua na floresta.
Notou Ágata voltar para perto da fogueira, e agora estava rodeada de mais quatro rapazes ajoelhados em sua frente, e seu corpo nu que brilhava intensamente sob a lua cheia, eram quatro rapazes lindos e também estavam nus, mas nenhum era Leon, e pensou realmente que aquele cigarro estava fazendo um efeito muito fora de seu controle, ou seria apenas magia...
Um dos rapazes, com olhos cor de mel tocou Paola que não ofereceu resistência, pois o prazer tomava conta de seu corpo enquanto Ágata estava em pleno amor com os outros três, era tudo muito intenso, e a lua apenas como testemunha.
De repente Paola viu-se puxada num intenso frenesi para perto de Ágata e os outros rapazes, e fizeram amor intensamente, e por vezes Paola conseguia abrir os olhos não acreditando no que estava fazendo, nua com sua prima numa intensa orgia com mais quatro rapazes.
Aonde estaria Leon, seria uma cena inusitada se ele a visse nua e em chamas de amor com mais quatro e sua prima.
A noite continuava intensa, Paola sentia um prazer indescritível, e fazer amor com sua prima e os rapazes era tão intenso quanto os sonhos de adolescente.
Sentiu-se exausta, deitou-se na grama e o calor do fogo era aconchegante, ao sentir a mão de Ágata mais uma vez acariciar seu rosto, que voltando para perto da fogueira, disse sorrindo:
-Sou livre, amo a todos em minha volta, amo as pessoas sem pudor, e crio minhas paixões de forma tão intensa que todos que imagino, simplesmente existem e me servem sempre que os procuro, e você, prima, eu sempre amei, e nesta noite te apresento minhas emoções.
Paola sem ainda entender, procurou suas roupas, mas não encontrou, enquanto Ágata lhe oferecia vinho, e ria muito com a sua surpresa, enquanto Ágata beijava seus lábios intensamente, começando mais um ritual de amor intenso, e ouvindo o vento nas árvores da floresta, entregou-se ao amor, como nunca havia feito.
O tempo passou, em uma noite louca e alucinante, e ao acordar, ainda estava nua, e Ágata estendia um cobertor à Paola, que se cobriu, cheia de perguntas, e um pouco de pudor.
-Aonde está Leon?
-Leon não existe, apenas estava em minha imaginação, assim como todos os outros rapazes que me acompanham em meus sonhos, no qual sempre estava também, você Paola.
Viu que a moto de Ágata estava estacionada perto da fogueira, agora somente brasas e um calor aconchegante abrangia o lugar.

Ágata vestiu a jaqueta de couro, beijou Paola e disse:
-Tem coisas de magia que aprendi com sua avó, e muitas outras que em breve venho mostrar pra você, querida, mas agora tenho que ir, pois um grande evento me espera, eu entrarei em contato com você, talvez num sonho, anunciarei minha próxima visita.
E subindo na moto, com a jaqueta de couro sobre a bata hippie, tomou estrada e sumiu na estrada que abria caminho na floresta, enquanto Paola, de pé tentava entender a noite que havia tido, uma noite de amor e perguntas.
Tomou rumo de sua casa, ainda tentando entender a presença de Leon e tudo mais, quando observou que em frente a sua casa, no chão, não havia sinais de pneus de carro, e sim somente sinais de uma moto, nada de carros, nada de Leon, sentiu-se um pouco frustrada, pois até lembrava de seus olhos verdes, e ao sentar apenas enrolada num cobertor, sentiu saudades de Leon, que era apenas, e agora sabia, uma imaginação de Ágata.
Ao olhar para o cão de novo, viu apenas o rastro de uma moto, nada de carros pretos e antigos, era da moto de Ágata uma deusa dos amores noturnos e livres, sem culpa nem personagens, nem culpas, apenas amor intenso, como apenas sua prima imaginava.
E o sol, anunciando mais um dia.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

PAOLA E OS CIGANOS - histórias de Paola


Na clareira em meio à mata, Paola poderia ver de sua janela uma pequena fumaça, e parecia contínua.
Permaneceu olhando pela janela por alguns minutos, enquanto a chaleira de chá começava a chiar.
Poderiam ser caçadores, pois estava em pleno outono, e os coelhos estavam saindo das tocas.
As cortinas cor escarlate balançavam ao vento, trazendo para a cozinha que ficava do lado norte da sua grande casa com mais de nove janelas, o cheiro de fumaça, lá da clareira.
Intrigada decidiu, depois do chá, dar um passeio para ver, e se possível sem ser vista, pois caçadores também poderiam ser arredios à vizinhança, pois a caça ainda não era permitida naquela região, mas os guardas pouco passavam por aquelas redondezas.
O chá ainda estava quente, portanto, não poderia ter pressa. Acomodou-se na cadeira antiga, e pensava se seria conveniente ir pela estrada, ou espreitar pela mata.
Três da tarde.
Estaria pronta em dois minutos, enquanto amarrava seus cabelos longos, cor de mel.
Um mocassim do tipo indígena poderia ajudar na empreitada silenciosa.
Ir pela mata parecia ser mais tático, e assim foi, desceu as escadas da frente e entornou a estrada, passando pelas imensas árvores, que parecia escurecer um pouco a floresta densa.
A caminhada foi silenciosa, esgueirando-se por entre as árvores, que ficavam ao lado direito da estrada de chão batido, sem levantar suspeitas. Ainda poderia observar a fumaça na clareira que ficava uns 500 metros a sua frente.

Ao chegar mais perto observou uma cantoria desconhecida, o que descartava a hipótese de caçadores, pois eles eram silenciosos.
Aproximou-se abaixada como uma onça, silenciosa e rápida, e ao chegar o suficiente perto, notou tratar-se de ciganos.
Eles estavam em volta a uma pequena fogueira, e curiosamente havia uma cigana no meio, como se conversasse com todos, e todos pareciam lhe dar total atenção.
A cigana no meio era jovem e linda, e com seus lenços e vestidos pareciam brilhar no sol de outono.
Paola sentiu uma mão em seu ombro, e sua astúcia de não ser vista parecia não ter sido bem sucedida.
-Venha comigo.
O cigano parecia ser amigável, com um sorriso pegou-a pela mão e levanto-a seguindo em direção ao bando, desceram um pequeno gramado e já sendo vistos pelos demais, pararam de falar entre si.
Paola não hesitou, foi chegando mais perto com receio sim, mas não sairia correndo agora.
-Olhem o que encontrei!
O cigano a levou até a jovem que estava em meio ao círculo, parecendo ser ela uma espécie de líder, a qual olhava para Paola atentamente.
-Seja bem vinda, meu nome é Sara.

A jovem era muito bonita e simpática e estendeu a mão, cheia de anéis e pulseiras.
-Não quis atrapalhar ou ser intrusa, disse Paola, tentando ser amigável.
-Somos ciganos Maltas, não tenha medo, estávamos te esperando.
A surpresa de Paola foi grande, ao notar estar sendo esperada, ficando então cheia de dúvidas, e agora sim, lhe apertava o coração com uma espécie de medo.
E Sara falou:
- A fumaça chegou até você como um convite, sabíamos que viria até aqui, viemos pela manhã, passamos perto de sua casa, e sabíamos quem era você, Paola, a neta de Soraya.
-Sim, sou a neta de Soraya, mas porque então estão aqui à minha espera.
Paola entendeu que ao falar segura e com tranqüilidade também acalmava seu nervosismo, ficando mais à vontade.
Os demais ciganos estavam observando e um deles, o mais alto disse:
-Muito bem sara, já podemos ir embora, pois já fizemos nosso trabalho de trazer Paola.
-Sim, agora o serviço está feito, me esperem perto da cidade, estarei lá em dois dias, nas pedras, próximo à cascata.

Sara pegou-a pela mão e com gesto de convidá-la a sentar, enquanto os demais ciganos que eram 4, mais o que a trouxe, começaram a juntar seus pertences, pequenas bolsas e cobertores, e com um gesto de reverência à Sara, beijaram sua mão um a um, e esperaram até o último para então caminharem em direção à floresta, enquanto Sara estendia a mão, com uma sutileza de rainha.
Ficaram então as duas, sentadas em torno da pequena fogueira, e num momento Sara botou a mão dentro de uma pequena bolsa e tirou uma espécie de pó e jogou na fogueira, fazendo aumentar um pouco mais.
Paola estava surpresa com o acontecido, pois estava frente a uma situação que não estava em seu controle, e Sara, muito bonita e simpática a fitava profundamente quando falou:
-Paola, você é neta de Soraya, eu a conheci um tempo atrás e ela me ensinou várias coisas, mas uma ainda não entendi.
Paola disse:
-Impossível, minha avó morreu há muito tempo atrás, e você é tão jovem, não poderia tê-la conhecido.
-Paola, tem coisas que o tempo aqui, não importa.
Nisso a fogueira estourou, saltando pequenas faíscas, o que tirou a atenção de Paola, voltando sua atenção para as faíscas coloridas, e ao retornar o olhar para Sara, viu sentada em sua frente, uma anciã, que parecia ter no mínimo uns 90 anos, Paola tentou se afastar com o susto, mas a velha pegava sua mão, bem firme, e continuou:
-Paola, eu tenho várias luas, te vi nascer, te vi crescer, e quando no velório de sua avó, eu estava lá, pousada em cima de uma cruz, perto do túmulo de sua avó, eu era aquele corvo preto azulado, você me viu, eu tirei sua atenção naquele momento, lembra?
-Sim, eu me lembro do pássaro, inquieto que não saía de perto de nós todos.
-Pois bem, sua avó me ensinou várias coisas, e para um aprendizado completo, ela iria me dar algo que sei que ficou com você, portanto pegue isso.
Sara, a velha estendeu em sua outra mão, a que não segurava Paola e entregou uma pequena pena preta, e fez questão que Paola a pegasse.

Paola estava assustada com tudo aquilo, sentiu que não poderia sair agora e, pensando bem, a curiosidade era tão grande que queria mesmo ir até o fim, fitou a pena, e quando olhou para a velha, ela era de novo Sara, a linda jovem que ficou de pé frente a Paola, que não hesitou e pegou a pena preta, e sentiu-se leve, e as árvores foram ficando para baixo, sentiu-se como voar, e sentiu a mão quente de Sara que a segurava, estavam enfim como se voando pela floresta.
Paola sentiu-se pequena com o vento em suas narinas, que notou ser um bico, de um pássaro e viu do seu lado um outro, um pássaro preto, era um corvo.Elas eram corvos e sobrevoaram a floresta num vôo de prazer imensurável.
Paola não teve medo da queda, pois se sentia segura com o pássaro ao seu lado, tentou falar ou gritar, mas não conseguia.

O vôo estava mais raso, viu surgindo então sua casa, e tonteou, não viu mais nada, apenas uma sensação de enjôo.
-Paola, acorde.
Ao voltar a si, estavam sentadas na sua cozinha, em sua frente a bela jovem, era Sara, com um sorriso lindo, e rindo de Paola.
- Ah ah ah, você estava tão assustada, que não me contive.
Paola tentava entender o que teria acontecido, e também perdera a noção do tempo.
-Há quanto tempo estamos aqui?
-O tempo não importa, na verdade ainda estamos na floresta, apenas parte de nós está aqui.
-Mas como se explica tudo isso?
-Paola, as coisas são únicas, estar ou ir, o tempo é a nossa mente, querer ir é meio caminho andado, a lua está em todo o lugar, mas ela não vai, nós é que a vemos. Tem coisas que você aprenderá com o tempo. Mas minha visita é pelo fato de que vim buscar algo que sua avó me deu, e não pude pegar, pois estava ocupada em salvá-la de Cronos, um outro cigano que queria fazer mal a sua avó, e quando voltei, sua avó tinha falecido. O que vim buscar é um pingente vermelho, e ele está aqui na minha mão, quando chegamos você procurou em suas coisas e me deu.

Abrindo a mão, Sara mostrou um pingente vermelho que Paola sabia ser de sua avó, mas não lembra tê-lo procurado e entregue à Sara.
-Esse pingente era meu, de minha proteção, e emprestei à Soraya, sua avó para protegê-la de uma tempestade, fiquei de pegá-lo em outra oportunidade, mas não a encontrei mais, depois soube que havia falecido, e sua avó, depois de ter partido me disse em um sonho que estava com você.
Paola estava aterrorizada com tudo aquilo, haviam várias perguntas a serem feitas, mas nem sabia por onde começar.

Quando pensou em questionar como tudo aquilo acontecia, ouviu a chaleira de chá começar a apitar, voltou o olhar para o fogão, amedrontada, pois não tinha botado nada para ferver, quando sara disse:
-Pois bem Paola, você acaba de me dar mais de uma centena de anos para viver e quem sabe protegê-la, assim como sua avó me pediu, desligue o fogão para o seu chá.
Paola foi até o fogão com as pernas trêmulas e desligou o fogão, e olhou para Sara que estava com um sorriso lindo no rosto.
Retornou à mesa, e serviu o chá para Sara que a fitava com um semblante de amor puro, inexplicável, que disse:
-Paola, eu sou parte de sua avó, sou o lado puro, o lado dela que a amava muito e que continua te amando, mas agora o ciclo do pingente está completo, ele retornou para mim, isso significa a sua felicidade e a minha.
Paola sentiu um vento forte nas cortinas escarlates, e por um segundo, Sara não estava ali na frente da xícara de chá, apenas um corvo que saltitava sobre a mesa, tomando direção da janela, e parou no parapeito da mesma, e ainda fitou Paola por alguns segundo, e tomou vôo, sumindo entre as árvores.
Paola foi até a janela e viu o corvo tomar rumo ao infinito, num vôo certeiro para não ser visto mais entre as árvores.

Sentou-se e tomou o chá novamente, para quem sabe se acalmar e tentar entender o que havia ocorrido naquela tarde, enquanto o vento balançava as cortinas escarlates, como que num vôo sutil, trazendo o aroma de flores, que mostrava o pôr do sol por entre as árvores enormes da floresta.






quinta-feira, 5 de julho de 2012

O MENINO E O BARCO (histórias de Paola)

Por volta das quatro da tarde, preparava-se um temporal inquietante.
Paola não se continha em apenas ver da janela já embaçada, a escuridão que se aproximava.
Um frenesi acontecia sempre que chovia, tanto em sua mente como nas enormes árvores da floresta em frente ao seu quarto do segundo andar, de sua casa estilo medieval, com abóbodas enormes e algumas pequenas torres  que circulavam seu quarto.
Desceu a escada correndo, e os 24 degraus pareciam deslizar sobre seus pés, que por vezes clareavam a casa já escura e cheias de sombras, com enormes relâmpagos.
Abriu a porta como se para um convidado, ou melhor , uma convidada...a tempestade.
As árvores enormes iam para o norte e para o sul com os ventos.
Notou estar descalça, e era melhor assim.
Fechou silenciosamente a porta e o mundo se abriu para ela, como um convite.
Não evitava pisar nas pedras arredondadas que faziam caminho até a porta de sua casa, e notou já estar começando os primeiros pingos, quando também o cheiro de terra molhada começou a entrar em seu ser, arrepiando a pele e os seios ainda jovens.
Frente a sua casa havia uma enorme floresta, que a chamava com o rugido das árvores e a força do vento.
Correndo como quem abraça uma paixão, entrou na floresta densa, que clareava com os raios, e quase em transe ia ao encontro de uma imaginação de estar sendo esperada na clareira que havia no meio quando escutou, em meio à chuva que já molhava o solo, uma voz de menino que parecia pronunciar seu nome, ficou surpresa pois pensava estar sozinha e a voz de menino parecia pedir ajuda, parou para ter certeza de quem estaria estragando seu passeio solitário.
Logo após a clareira, passando as pedras estava o rio que lembrava ter amarrado seu pequeno barco de passeio, ainda lhe ocorreu se os remos estariam seguros dentro do barco ou estariam soltos podendo se perderem com o balançar das águas.Notara então que a voz vinha exatamente de lá, do barco.
De simples passeio, virou busca a tarde que agora, recebia uma chuva temerosa.
Ao aproximar das pedras já podia ver o barco já entrando nas águas, solto e para sua surpresa, com um menino dentro, que a fitava intensamente.Desceu com cuidado pois estava descalça e as pedras com a chuva eram escorregadia
Notara que o menino não pronunciava mais seu nome, apenas a fitava com firmeza no vai e vem das águas agora mais turvas num sobe e desce arriscado, e pensou de como não ter que entrar nas águas, pois o barco já estava a uns cinco metros aguas a dentro.
Chegando a beira não pensou e entrou nas águas frias, seus cabelos cor de mel agora eram um emaranhado flutuando ao seu lado, e o menino apenas a fitava.
Pode então colocar a mão no barco notando que os remos estavam boiando ao lado do barco e percebeu o menino olhando para ela sem estender a mão, como se assustado, e notara estar sem camisa, enrugado pelo frio da chuva.
Um remo ficou solto, e Paola subiu no barco sozinha com esforço enquanto o menino a fitava de maneira impactante.
Teria ele uns 7 ou 8 anos, trajava uma calca branca de linho apenas e sem camisa e seus olhos azuis chamaram sua atenção, e recostando sobre o banco de madeira do barco perguntou:
-Como viestes parar aqui?
O menino não respondeu, apenas a fitava intensamente, e levantando a mão num exato momento de um raio com um estrondo enorme que fez com que Paola se abaixasse com o susto, simplesmente desapareceu, estava ela agora sozinha e com apenas um remo, logo imaginou que o menino havia caído de volta nas águas turvas.Entrou em pânico, olhando ao redor do barco que já notara ter água dentro com a chuvarada, e nada do menino.
Remou algumas vezes com dificuldade pois só havia um remo, então decidiu voltar à margem, achando o segundo remo logo em seguida...
Ao retomar segurança na margem, recuperando o fôlego pensou logo em pedir ajuda, mas um cansaço intenso fez com que sentasse para respirar melhor enquanto a chuva parecia enfurecida, os galhos das árvores atrás de onde estava fazia um ruído assustador, tentou levantar-se mas recebeu um grande impacto que a fez cair ao lado da margem.
Perdendo os sentidos caiu, entrou em transe e algo que parecia real, transformou-se num sonho, aonde estava o menino dentro do barco.
Ele estava sem a camisa e de calças brancas, arremangadas até os joelhos, parecia uma grande festa em volta do lago, e ao notar as roupas, era de anos atrás, devido aos trajes e carros antigo, notou que o menino se dirigia para o barco, ninguém havia notado, tentou gritar para avisar os demais, mas sua voz não saia, apenas podia observar a cena....
O menino ao entrar no barco balançou de um lado e o mesmo caía na água, ninguém notou até que seus gritos fez todos correrem para a margem do rio.Já era tarde demais, o menino de olhos azuis estava morto.
Mesmo no sonho, pode ver no fundo do por do sol o olhar azulado com o brilho de lágrimas por seu rosto tão jovem.
A chuva já parecia ter acalmado um pouco, quando Paola abriu os olhos, todo encharcado com a água da chuva, sentou olhou para os lados, ainda a procura de um menino, que não existia mais naquele cenário.
Entendeu ter passado uma experiência que havia mexido muito com seus sentimentos, que faziam as lágrimas se misturarem com os pingos da chuva.
Nada mais restava, senão olhar o barco ali parado no mesmo lugar, apenas com uma lembrança de um passado revelador.
E para Paola, era uma experiência inesquecível, pois ainda parecia sentir-se observada por um par de olhos azuis quando retomava o caminho para sua casa, e podia ver em cada poça d'agua, uma sombra sob sua cabeça, que parecia ser de um menino de aproximadamente 8 anos, de olhos azuis....





terça-feira, 19 de junho de 2012

A SOMBRA NA FLORESTA - (histórias de Paola)

Numa manhã de primavera, estava Paola à caminho da floresta para descer até o riacho, que ficava logo após a última árvore.
Entrou segura como sempre, pois já sabia o caminho.
Segurava um cântaro, uma pequena jarra para trazer a água para o desjejum e notou que sua sombra embelezava o chão quando os pequenos raios de sol faiscavam seus lindos cabelos sobre o solo, quase coberto de folhas, ainda do inverno rigoroso.
Notou um arrepio repentino ao ver que a sua sombra, a esta altura da caminhada na floresta densa, escapava dela mesma, ia mais a frente e logo voltava, e então parou e observou.
Notou que a sombra estava viva, e habitava e desabitava também seus rastros no caminho.
Não ousou falar nada.
Apenas observava.
E sentou para observar, pois queria sempre aprender com o silêncio.
Ouviu então um pequeno ramo ao seu lado reclamar da sombra de uma árvore enorme que ia e vinha inconstantemente:
 "Você se move constantemente para direita e para a esquerda, perturbando a minha paz", disse o ramo para a sombra da enorme árvore.
E a sombra respondeu:
-Eu? Não sou eu, olhe para cima, Há uma árvore que se move ao vento para leste e para oeste livremente, sem parar.
O ramo olhou para cima e observou pela primeira vez a enorme árvore, com um temor horripilante.
Nesse momento, Paola levantou-se e sentiu o pensamento amedrontado do ramo, em seu coração, que dizia:
" Vejam só, existe um ramo bem maior que eu mesmo em todo o lugar"
Paola levantou-se, apanhou o cântaro e seguiu para o final da floresta, pensativa e aterrorizada ao notar que a sombra silenciosamente acompanhava fazendo voltas sobre ela até ela sair da floresta, enquanto o ramo observava tudo em silêncio.
(Léo Jam)

CONFLITO E SOLUÇÃO (histórias de Paola)

Certa vez, por estar em desacordo com a sogra , Paola , que já achava insuportável o convívio diário com a sogra, foi buscar uma orientação de um amigo filósofo que confiava muito, de como conviver com a insuportável pessoa, ou tomar algum outro rumo em sua vida.
Encontrando seu amigo, numa tarde de sol de outono, contou toda sua amargura, de ter que conviver com esta situação e podendo estragar para sempre seu casamento.
Sabiamente, seu amigo, ouvindo sua história, levantou-se e lhe entrega um pequeno ramo verde e orienta:

-Com uma pequena parte de cada folha deste ramo, misture no chá de sua sogra para envenená-la lentamente, mas para não deixar pistas de sua ação, trate-a muito bem, cuide dela como se fosse sua mãe, pois assim não deixará suspeita de seus atos nos últimos dias da vida de sua sogra, mas lembre: TRATE-A MUITO BEM, sendo assim, não terá culpa em sua alma e não levantará suspeitas.

Voltando para casa, mesmo perplexa com a orientação do seu amigo, refletia sobre a orientação, pois no fundo não queria matar a sogra, e sim apenas ajeitar as coisas, mas tudo bem, se tivesse de matá-la, então faria isso.
Começou então a "homeopatia" no dia seguinte, um pedaço de folhas em seu chá, mas como orientada, tratou-a com gentilezas, e assim por diante.
Os dias se passaram, e com esse novo tratamento para com a sogra, de ser gentil, mais paciente, a relação entre elas melhorou, a sogra lhe parecia mais gentil, pois também recebia gentilezas.
E  ficaram amigas e se olhavam nos olhos como companheiras, o que no fundo, na consciência de Paola, lhe afligia, pois sabia ela estar envenenando a sogra.
Tal era o seu pânico, misturado com a amizade e gentilezas dela para com a sogra, e da sogra para ela, que o pânico foi total a ponto de não dar mais as folhas no chá e procurou aflitivamente o seu amigo filósofo e Xamã, e disse:

-Gostaria de reverter tudo, pois a minha relação com ela está tão boa, que ela se tornou minha amiga e eu estou tão contente com nosso relacionamento quanto me sentindo culpada por estar envenenando-a.Como posso reverter o envenenamento se é que é possível?

Então seu amigo Filósofo, falou:

Calma Paola, você não está envenenando ninguém, aquelas folhas nada mais eram do que ervas aromáticas, o veneno estava em sua mente antes de tudo, no seu olhar e na expectativa negativa de ver nos olhos, alguém que você achava que não suportava.Antes, você estava sim envenenando ela e você mesma com seus pensamentos.Tenha uma boa tarde e pense nisso.

Moral dessa história: O MEU INIMIGO NÃO É QUEM ME ODEIA, E SIM QUEM EU ODEIO.