Paola estava no jardim, quando percebeu a poeira, vindo
da estrada.
Seria um dia com visitas pensou, embora sempre apreciasse
estar sozinha.
Levantou a cabeça e lembrou de uma frase que sua mãe
costumava dizer:
-Nunca receberás alguém, sem que nada tenhas que fazer.
O carro antigo, preto e com estilo clássico vinha
cortando a poeira, e parecia certeiro no endereço de Paola.
Foi encostando e diminuindo a velocidade enquanto Paola
observava ser um homem na direção, e arrumando o cabelo cor de mel que caía
solto em seus ombros, ficou de pé, mostrando-se atenta, e com a pazinha do
jardim na mão.
- Bom dia, você é Paola?
-Sim, sou eu, posso ajudar?
-Muito prazer, eu sou Leon, e quem me deu seu endereço,
que, aliás, fica muito bem localizado, foi Ágata, sua prima.
Ágata, uma prima de Paola, a qual não via desde o velório
de sua avó. Ela deveria ter uns 22 anos agora, sim, pois Paola tinha apenas três
a mais do que a prima, o que também regulava com a idade do visitante.
Paola de mente astuta notou que a prima viria logo
depois, ao notar os olhos verdes de Leon que a fitava com um sorriso que fazia
balançar a sua feminilidade.
-Ela me disse que viria aqui nessa manhã, então pensei em
espera-la, posso descer?
-Sim, por favor.
Leon desceu do carro, era alto, elegante e tinha um ar
austero, de gente de sucesso, bem arrumado e fino nos movimentos.
Paola estendeu a mão para Leon:
-Então Ágata virá aqui, eu não esperava vê-la aqui,
normalmente nos encontramos na cidade ou na casa de meus tios.
-Ela virá sim, disse que faz tempo que não via você, e
pensou em fazer uma visita e depois vamos ver meus pais, e a viagem casualmente
começa na mesma estrada que vem pra cá.
Sentaram-se e na mesa da varanda enquanto Paola notava
que Leon era muito simpático e tinha um sorriso muito bonito.
-Vamos tomar alguma coisa?
-Sim, seria muito bom, por favor.
Paola entrou na cozinha, e da janela lateral podia ver
Leon sentado na mesa de vime da varanda, com cabelos charmosamente
desarrumados, olhava para a floresta na frente, e por vezes, olhava a estrada à
esquerda, esperando Ágata.
Paola sorriu e pensou: Ágata, sua danada, deve ser um namorado.
Embora Ágata na infância não demonstrasse muito interesse em namorados, pois
passou muito tempo junto à Paola e praticamente cresceram juntas, e parecia ter
uma apreciação não por meninos na época, e as experiências de infância eram tão
bonitas entre as duas, mas agora, já adultas, eram apenas lembrança da
adolescência.
Voltou à mesa, com o chá de hortelã que sempre tinha no
bule, e sentou em frente a Leon, com um ar de curiosidade.
-Conhece Ágata há tempos?
-Sim, estudamos juntos, e como chegou as férias, vamos
viajar juntos, e agora que ela comprou a moto, decidimos viajar, a questão é se
ela vai de moto ou vamos de carro.
-Ágata adorava motos, me lembro, sempre gostou de
aventuras.
Leon a fitava profundamente enquanto tomava mais um gole
de chá, depois disse:
-E vocês se davam muito bem, ela me contou de algumas
aventuras na praia.
Isso causou uma perplexidade em Paola, pois num desses
passeios decidiram correr nuas pela praia, mas talvez não fosse essa a aventura
que ele mencionara.
Mas por alguns segundo, os olhares se cruzaram e se
fitaram sem palavras, no que Paola pensou: Ela contou isso a ele.
O motor da moto já era percebido, embora os olhares de
Leon se entregava, como que guardasse e sabia de um segredo.
Chegava Ágata na sua moto azul marinho, e ao tirar o
capacete, estava linda nos seus 22 anos, vestindo uma jaqueta de couro por cima
de uma bata Hippie, como sempre fazia, modas misturadas e exuberantes.
Era alta, de longos cabelos e com um charmoso andar.
-Paola, você está linda, que saudades.
Leon levantou-se, mas Paola notou que ele não a beijou
como um namorado, apenas beijos no rosto, e pareciam apenas amigos.
-Ágata, saudades de você, quanto tempo.
Soltando o capacete e balançando os cabelos, a visitante sentou-se
à mesa compartilhando da beleza feminina no sol que dourava tudo naquela manhã,
enquanto Leon parecia deliciar-se com a visão das duas.
Após trocarem saudades e assuntos sobre família, Paola parecia
mais à vontade com os olhares verdes de Leon.
A manhã transcorre divertida, embora os afazeres do
jardim, ficavam pra um próximo dia, o que importava, se ali estava sua prima,
amiga de infância e um convidado ainda à ser conhecido.
Na tarde, Paola convidou os dois para conhecerem a
floresta na frente da grande casa, aonde havia um pequeno lago logo adiante.
Prepararam-se para a caminhada, Ágata como sempre, linda
e sorridente e Leon parecia estar numa expectativa de algo, Paola pensava: Ele
sabe de algo, por que me fita tanto?
O que Paola pensava era que Leon saberia das experiências
da adolescência das duas, a sexualidade feminina descoberta aos 12 anos, os
passeios escondidos, e até os primeiros beijos apaixonados.
Paola entra no quarto para prender os cabelos, e pensava
que os dois estariam já no portão que dava para a estrada em frente da
floresta, Ágata entra furtivamente no quarto e abraça Paola, e com um longo
beijo na boca, que Paola não teve tempo de recusa, se é que iria fazer isso,
Leon esperava lá embaixo, fitando a grande casa, e imaginando o motivo da
pequena demora das primas à descer, nem pensava em reclamar, apenas se deliciava
com a imaginação.
Surpresa, Paola corrigia o batom:
-Ágata, você não mudou nada.
-Paola, sempre gostei de surpreendê-la, lembra?
E as duas saíram rindo e desceram as escadas do quarto,
como se ainda fossem duas adolescentes e estavam abraçadas.
Ao chegar à porta da rua, Paola notou que Leon agora
estava com um ar de curiosidade, enquanto notara em sua mão, um cigarro, que
notou ser maconha, pois o aroma da canabis era intenso.
Caminharam os três rumo à floresta, e por vezes Ágata
pegava a mão de Paola, e em alguns momentos estava de mãos dadas também com
Leon.
Paola não hesitou quando chegou a sua vez de fumar, pois
fazia muito tempo que aquelas diversões não eram comuns nos seus dias.
O Passeio naquela tarde foi muito agradável, e o sol
ajudou muito a colorir as árvores e os sorrisos que vinham de cada frase dita,
tudo parecia ser divertido demais, e os sorrisos eram tão intensos, quanto os
assuntos sobre florestas encantadas, bruxas e gnomos.
Chegou a noite, estavam em casa, pois a fome anunciava um
belo jantar que Ágata havia preparado, enquanto Leon conversava com Paola na
mesa de vime da varanda:
-Amanha cedo vamos embora, espero que tenha gostado da
visita, nos divertimos muito hoje de tarde.
-Claro que sim.
Como Paola notou que Leon e Ágata não eram
definitivamente namorados, resolveu uma pequena investida.
Ao pegar a taça de vinho, encostou sua mão em Leon, que
segurava outra taça;
-Então ainda temos uma noite pela frente.
Ao se olharem profundamente por alguns segundos, Leon
pegou a mão de Paola quando Ágata disse da cozinha:
-O jantar está pronto.
A lua estava bem em cima da floresta, era lua cheia, com certeza,
pois brilhava intensamente, e parecia que brilhava também os olhares de Leon,
enquanto Ágata estava no terraço ascendendo mais um cigarro.
Ao subir a escada para o terraço, Paola estava do lado de
Leon que disse:
-Você é muito parecida com Ágata, tem um sorriso lindo.
Paola fitou-o e sem pensar duas vezes beijou-o como se
estivessem sobre a fúria do luar lá fora, pois a lua cheia era convidativa para
uma grande noite de amor. Mas Ágata aguardava os dois lá no terraço, a o cheiro
de canabis já era percebido.
Leon subiu primeiro, Paola logo após, e ao chegar no
terraço, estava apenas o cigarro sobre o cinzeiro, Ágata não estava mais lá, a
altura do terraço era de uns quatro metros e tinha uma escada ao lado, em que subias as flores trepadeiras.
Ao fitar no chão ao lado da cadeira onde estava Ágata, estavam
suas roupas, a bata o jeans e as roupas íntimas....não tinha dúvidas, ela saíra
nua pela noite.....
Paola olhou para Leon que não estava mais ali, ela estava
sozinha no terraço, imaginou todos estarem se divertindo às suas custas na
floresta e rindo muito...
Desceu as escadas, tomou o rumo da floresta, pois sabia
dos passeios de Ágata nas noites de lua cheia.
Entrou floresta adentro, ouviu risos e viu uma fumaça que
cortava a lua cheia na imensa floresta, seguiu o rumo e chegou na clareira, e
para sua surpresa, estava apenas Ágata, nua, em frente á fogueira.
Aquele cigarro que fumaram no terraço agora parecia
intenso, um indo e vindo de imagens começava junto com um indo e vindo de sons
e sorrisos, que por vezes eram perto, hora longe.
Paola ficou de joelhos frente à fogueira, sentiu um fogo
queimando seu corpo, e suas roupas sendo puxadas pela fumaça, uma a uma.
Na confusão de sua mente, notou que não era a fumaça que
puxava suas roupas, era Ágata, com um sorriso lindo e seus cabelos soltos que
brilhavam sob a luz da lua na floresta.
Notou Ágata voltar para perto da fogueira, e agora estava
rodeada de mais quatro rapazes ajoelhados em sua frente, e seu corpo nu que
brilhava intensamente sob a lua cheia, eram quatro rapazes lindos e também
estavam nus, mas nenhum era Leon, e pensou realmente que aquele cigarro estava
fazendo um efeito muito fora de seu controle, ou seria apenas magia...
Um dos rapazes, com olhos cor de mel tocou Paola que não
ofereceu resistência, pois o prazer tomava conta de seu corpo enquanto Ágata
estava em pleno amor com os outros três, era tudo muito intenso, e a lua apenas
como testemunha.
De repente Paola viu-se puxada num intenso frenesi para
perto de Ágata e os outros rapazes, e fizeram amor intensamente, e por vezes Paola
conseguia abrir os olhos não acreditando no que estava fazendo, nua com sua
prima numa intensa orgia com mais quatro rapazes.
Aonde estaria Leon, seria uma cena inusitada se ele a
visse nua e em chamas de amor com mais quatro e sua prima.
A noite continuava intensa, Paola sentia um prazer
indescritível, e fazer amor com sua prima e os rapazes era tão intenso quanto
os sonhos de adolescente.
Sentiu-se exausta, deitou-se na grama e o calor do fogo
era aconchegante, ao sentir a mão de Ágata mais uma vez acariciar seu rosto,
que voltando para perto da fogueira, disse sorrindo:
-Sou livre, amo a todos em minha volta, amo as pessoas
sem pudor, e crio minhas paixões de forma tão intensa que todos que imagino,
simplesmente existem e me servem sempre que os procuro, e você, prima, eu
sempre amei, e nesta noite te apresento minhas emoções.
Paola sem ainda entender, procurou suas roupas, mas não
encontrou, enquanto Ágata lhe oferecia vinho, e ria muito com a sua surpresa,
enquanto Ágata beijava seus lábios intensamente, começando mais um ritual de
amor intenso, e ouvindo o vento nas árvores da floresta, entregou-se ao amor,
como nunca havia feito.
O tempo passou, em uma noite louca e alucinante, e ao
acordar, ainda estava nua, e Ágata estendia um cobertor à Paola, que se cobriu,
cheia de perguntas, e um pouco de pudor.
-Aonde está Leon?
-Leon não existe, apenas estava em minha imaginação,
assim como todos os outros rapazes que me acompanham em meus sonhos, no qual
sempre estava também, você Paola.
Viu que a moto de Ágata estava estacionada perto da
fogueira, agora somente brasas e um calor aconchegante abrangia o lugar.
Ágata vestiu a jaqueta de couro, beijou Paola e disse:
-Tem coisas de magia que aprendi com sua avó, e muitas
outras que em breve venho mostrar pra você, querida, mas agora tenho que ir,
pois um grande evento me espera, eu entrarei em contato com você, talvez num
sonho, anunciarei minha próxima visita.
E subindo na moto, com a jaqueta de couro sobre a bata
hippie, tomou estrada e sumiu na estrada que abria caminho na floresta,
enquanto Paola, de pé tentava entender a noite que havia tido, uma noite de
amor e perguntas.
Tomou rumo de sua casa, ainda tentando entender a presença
de Leon e tudo mais, quando observou que em frente a sua casa, no chão, não
havia sinais de pneus de carro, e sim somente sinais de uma moto, nada de
carros, nada de Leon, sentiu-se um pouco frustrada, pois até lembrava de seus
olhos verdes, e ao sentar apenas enrolada num cobertor, sentiu saudades de
Leon, que era apenas, e agora sabia, uma imaginação de Ágata.
Ao olhar para o cão de novo, viu apenas o rastro de uma
moto, nada de carros pretos e antigos, era da moto de Ágata uma deusa dos
amores noturnos e livres, sem culpa nem personagens, nem culpas, apenas amor
intenso, como apenas sua prima imaginava.
E o sol, anunciando mais um dia.
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